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31 de ago. de 2011

Economia solidária e agrofloresta no Vale do Ribeira

O Vale do Ribeira responde por uma das regiões mais pobres, com o menor IDH do Estado de São Paulo e incluída no maior contínuo de mata atlântica preservada do país, mas não foi por isso que este post está valendo a pena.
É nesta região que está localizado o Bairro Guapiruvu, formado por descendentes de indígenas, negros escravizados e portugueses, constitui-se hoje como uma comunidade caiçara que vive principalmente do cultivo de banana. A terra em que vivem é resultado de anos de ocupação histórica, reconhecida pelo INCRA como Assentamento Alves, Teixeira e Pereira. Segundo a Fundação Florestal:
A Fazenda Boa Vista (que ocupava anteriormente à expropriação) tem potencial para o desenvolvimento sustentado das comunidades locais, através do reordenamento da ocupação, da introdução de práticas agrícolas alternativas e da conservação e preservação das áreas naturais nela presentes.” (Fundação Florestal, Processo F.F. N° 547, 2002)

30 de ago. de 2011

O limite do crescimento econômico é a sustentabilidade ecológica

Para a economia ecológica, a Terra não é um conjunto de fluxos, mas um todo material e, portanto, finita, salvo o fluxo de energia solar que é constante, mas limitada.
Para alguns economistas, a economia é um subsistema do ecossistema estando então atrelada aos limites naturais. Neste sentido, propor o crescimento econômico, como atualmente é feito, é prever que a natureza pode fornecer mais do que atualmente dispõe, posto os limites já apresentados por ela. O melhor exemplo desta concepção de crescimento é a base epistemológica mecanicista da economia, que representa o processo econômico como um fluxo circular auto-sustentável entre produção e consumo.

29 de ago. de 2011

Sustentabilidade em áreas de preservação permanente

Ao contrário do discurso vigente e atualmente disseminado pelos apoiadores do novo Código Florestal, é possível garantir sustentabilidade econômica e preservação ambiental em áreas de proteção permanente – APP.

25 de ago. de 2011

A inclusão das externalidades no ciclo de vida

Em outros posts do blog falamos sobre as externalidades, que nada mais são do que as consequências que determinado produto ou serviço ocasionam durante seu ciclo de vida à sociedade e ao meio ambiente. Ciclo de vida é o longo processo pelo qual um produto ou serviço passa, desde sua concepção até sua obsolecência, quando o consumidor sente a necessidade de comprar um novo produto ou serviço e o descarte final.


O ciclo de vida foi inicialmente criado para a gestão de negócios como mecanismo de investimentos e gerenciamento, garantindo assim a viabilidade econômica de determinado produto para determinada empresa.

Com o advento das questões ambientais e da preocupação de algumas empresas com sua imagem pública, (já que não existe de fato o discurso de preocupação com o meio ambiente e com as gerações futuras), o ciclo de vida passa a ser analisado também pela logística reversa.

Logística reversa trata-se do acompanhamento logístico do ciclo de vida do produto, mas a partir do consumidor até a origem, o que inclui a fase de depuração do produto pelo meio ambiente e os impactos ambientais e sociais causados pelo descarte. Para tanto, este modelo de análise se sustenta na conscientização dos problemas ambientais, no excesso de resíduos em aterros e lixões, a escassez de matéria-prima e a política e legislação ambiental. Segundo dois pesquisadores do assunto, Rogers e Tibben-Lembke (1998), a logística reversa é:

"o processo de planejamento, implementação e controle da eficiência e eficácia e dos custos, dos fluxos de matérias-primas, produtos em curso, produtos acabados e informação relacionada, desde o ponto de consumo até ao ponto de origem, com o objetivo de recapturar valor ou realizar a deposição adequada".(grifo meu)

Mas não se engane. A logística reversa existe há algum tempo e não foi somente pela preocupação com a imagem que as empresas passaram a se “preocupar” com o meio ambiente.  No objetivo de recapturar valor (grifo acima) a empresa está mais preocupada em garantir o acesso a determinada matéria-prima de difícil aquisição ou por seu alto valor no mercado, e não relacionado à preocupação com os danos que poderiam causar ao meio.  Também com a aumento de vendas via e-commerce a logística reversa se tornou importante para as empresas, visto o alto índice de devolução dos produtos que, ao chegar nas mãos do consumidor, não possuiam a qualidade desejada, exigindo da empresa um sistema de gestão das devoluções.

Outro grande exemplo é o mercado de carbono que, em linhas gerais, é o direito de poluir sendo comercializado, visto que quando determinada empresa não atinge sua taxa de emissão de poluentes, ela os vende em um grande mercado internacional, traduzidas pelo fabuloso discurso de combater as mudanças climáticas pela mensuração, redução e compensação das emissões de gases do efeito estufa.


No mercado de carbono, 1 tonelada de CO2 corresponde a 1 crédito de carbono, que é negociado no mercado internacional e a empresa que o compra “ganha” a permissão de emitir os gases. A “traquinagem” é que não existe redução nem compensação, ninguém reduz suas emissões, somente as compra de quem ainda não alcançou um nível de desenvolvimento industrial para atingir os níveis máximos determinados no Protocolo de Kyoto. A compensação muito menos, visto que o valor do crédito de carbono não pode ser superior a multa que a empresa pagaria pelo dano ambiental.

Assim, de boas intenções o inferno está cheio.

Fontes:

Imagens: 

24 de ago. de 2011

Mulheres e a economia

Sempre vista como coadjuvante no cenário político e econômico,  à mulher sempre esteve determinado o papel social da maternidade, do cuidado com a prole a saúde do lar e, mesmo com o advento da mulher n o mercado de trabalho e com rompimento de algumas barreiras, ainda é vista como objeto e cobrada por seu papel dentro de casa.

Contudo, existem iniciativas que visam romper com esta forma opressora em que a mulher está atualmente, colocando-a como protagonista da mudança que escolheram. A contextualização do papel da mulher como agente de mudança não é nova, a elas sempre houve papéis de direção, gerenciamento, coordenação, mas também sempre encobertas e desvalorizadas, o que torna qualquer discurso neste sentido uma novidade.

O que ocorre atualmente é um movimento de valorização da mulher e seu papel fundamental para o desenvolvimento local, humano e sustentável. Em Afogados da Ingazeira (PE) foi criada a Rede de Mulheres para a comercialização solidária, que tem como foco a redução da pobreza na comunidade a partir da produção local de cerca de 450 mulheres, que antes limitadas ao espaço privado de suas casas não conseguiam comercializar seus produtos; organizadas, puderam discutir aspectos da gestão de seus negócios, obter acesso ao crédito e o mais importante, discutir o papel da mulher da sociedade.

Este é só um exemplo de protagonismo feminino mas que por trás carrega toda uma condição de opressão e pobreza. As mulheres atualmente compõem um quadro de feminilização da pobreza, inclusive nas capitais brasileiras, produto, dentre outros fatores, de um Estado machista que legitima ações econômicas semelhantes, visível principalmente na diferença salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma atividade.

Neste sentido, o aumento do protagonismo feminino não está associado a um aumento de consciência e organização de gênero, mas a uma condição de necessidade econômica. O tema do papel  da mulher na sociedade fica em segundo plano.

No livro O Banqueiro dos Pobres, Yunus deixa clara esta situação e o quão retrógrada é a economia para viabilizar a autonomia feminina e de outros grupos minoritários e/ou oprimidos. Muhammad Yunus é um economista de Blangladesh que propôs, na década de 1980, sob ondas de miséria e fome na Ásia e na África principalmente, um banco que oferecesse microcrédito exclusivamente para mulheres miseráveis da comunidade.

As mulheres foram escolhidas como público alvo do banco Grameen por seu papel na comunidade e sua responsabilidade junto a lar e aos filhos, o que aumentava seu comprometimento com o pagamento dos empréstimos, somado ao fato do Grameen ser a única instituição a oferecer ajuda real a elas.

Porém, por trás de todos os benefícios promovidos pelo banco, nunca discutiu-se porque todo esse ônus às mulheres e as possibilidades de dividir este papel social e econômico, visto que tinham que garantir os dois.

De modo geral, o livro conta a trajetória do Grameen, mas é uma grande fábula que discute o status quo sem oferecer, discutir ou promover uma real mudança social, econômica e política. Não está em discussão o fato da iniciativa ter tirado 12 milhões de cidadãos de Bangladesh da miséria, mas como promotor de mudança é falho, continua a perpetuar a diferença entre ricos e pobres mantendo o exército de reserva sempre disponível, no limiar da humanidade, para as necessidades do mercado. Quanto a questão do papel da mulher, fatores culturais eram árduos demais para serem enfrentados, mesmo sendo a causa do problema.

Em síntese, não poderíamos esperar mais do que isso de um economista, ainda que tenha estado em contato com um dos seus maiores representantes, Georgescu-Roegen que, renegado pela academia da época, hoje é lido como um vanguardista, mas esse é assunto de outro post.

O que fica é que, se a busca é por uma sociedade baseada no desenvolvimento sustentável em sua amplitude as minorias são peças-chave e o movimento de mudança está para além de políticas paliativas e muito menos em diminuir nosso tempo debaixo do chuveiro ou reciclar nosso lixo. O problema é estrutural e deve ser tratado com tal.

23 de ago. de 2011

Volta Grande do Xingu e a injustiça ambiental

Além das questões já apresentadas no post Belo Monte e Jirau sobre os impactos das hidrelétricas, outro assunto se torna bastante importante e esta relacionado a justiça ambiental e povos indígenas da Amazônia.

22 de ago. de 2011

Educação ambiental: Multiplicidade de compreensões

Em se tratando de educação ambiental, acredito que quanto mais possibilidades oferecemos em nossas práticas para abordar determinado assunto, mais acessível e disponível o assunto se torna para atendermos as diferentes formas de compreensão dos educandos.

21 de ago. de 2011

Dj's dos coletivos

Quem utiliza transportes coletivos no dia-a-dia ou esporadicamente...ou melhor, quem mora no Brasil, em qualquer lugar deste país já deve ter topado pela frente com um dos DJ’s dos coletivos, como estão sendo chamados. Estes DJ’s são encontrados comumente com um celular ou uma espécie de pequeno rádio (MC Hammer da atualidade) tocando uma música alta (não vamos entrar no mérito da qualidade musical ok?!) de forma a incomodar as pessoas ao redor ou por onde ele passa.

20 de ago. de 2011

Igreja, aborto e transgênicos


Com a visita do Papa Bento 16 à Espanha e sua declaração contrária a diversos acontecimentos como os casamentos homossexuais, e mais especificamente a legalização do aborto em alguns países, algo não pode deixar de ser observado.

 Imagem de Fabiano Vidal

18 de ago. de 2011

Biopirataria

Essa semana foi divulgada uma informação de que a empresa Monsanto estaria desenvolvendo uma espécie de berinjela geneticamente modificada a partir de variedades locais indianas sem pedir autorização às autoridades do mesmo país, caracterizando uma situação de biopirataria. Pior, contaram com a participação da empresa indiana Mahyco, universidades indianas e a Usaid, empresa norte-americana que apóia os transgênicos, país que, por sua vez, cria bloqueios à comercialização deste produtos dentro de suas fronteiras, repetindo mais uma vez o termo nimby-not in my backyard.

17 de ago. de 2011

A (in)sustentabilidade da cana-de-açúcar como biocombustível

A propaganda do governo brasileiro é contundente a respeito do uso da cana-de-açúcar como promotora de um Estado sustentável e ecologicamente correto, apoiando na propaganda do biodiesel e no incentivo fiscal à monocultura e as empresas produtoras do combustível.

15 de ago. de 2011

Belo Monte e Jirau

As duas hidrelétricas já em processo de construção no norte do país representam mais do que suas próprias estruturas, fazendo parte de todo um aparato político-econômico que legitima aquilo que David Harvey aponta como uma das características da pós-modernidade, a estética pela função e a efemeridade.

13 de ago. de 2011

O novo código florestal, a comunidade científica e a sociedade civil

Já colocamos no blog um post sobre o novo código florestal e o retrocesso associado, apresentando as características, posicionamentos e as consequências caso seja aprovado, sabido também que algumas mudanças já são sentidas simplesmente pela possibilidade de aprovação como o aumento no número de mortes no campo na região amazônica. Mais sobre esta notícia no site da Comissão Pastoral da Terra - CPT.

Ocorreu no dia 5 de agosto o lançamento do Comitê Paulista em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável contra o Projeto de Lei complementar 30/2011, que prevê alterações no código já semi-aprovado. O comitê também se posiciona contra o novo código florestal. 

O comitê recém inaugurado é composto por 97 organizações da sociedade civil, como a Ordem dos Advogados Brasileiros - OAB, Via Campesina e a Central Única dos Trabalhadores - CUT, e representa a insatisfação popular e acadêmica contra o novo código na casa dos 79% da população que não aprovam as novas diretrizes. A proposta é que, por meio desta organização a sociedade consiga se fazer ouvida em todas suas categorias, posto que o novo código, apesar de ter sido proposto e organizado por representantes do povo é tido como um ação de cima para baixo. A mesma taxa de reprovação popular ao código foi tida no congresso em aprovação pelos parlamentares. Parece haver algo de errado com nossos representantes.

12 de ago. de 2011

Energia para um mundo sustentável: combustíveis fósseis

Em todo sistema observamos entradas e saídas e, portanto, fluxos. Estes, por sua vez, podem ser basicamente de matéria ou energia. Visto dessa forma, nosso planeta pode ser entendido com um enorme sistema, que recebe um fluxo contínuo de energia eletromagnética proveniente do Sol e que faz “girar” todos os subsistemas e processos subjacentes, inclusive a nossa tão vangloriada economia, apesar desta não compreender ou pelos menos negar hipocritamente tal fato, como já analisamos aqui no post Economia Ecológica: definição e potencialidades.

11 de ago. de 2011

Sustentabilidade e a abordagem interdisciplinar

As questões ambientais, que tratam da relação homem-meio, ou como alguns preferem sociedade-natureza, exigem para seu estudo e compreensão uma abordagem interdisciplinar. No entanto, apesar da difusão e aceitação desta ideia, a questão ambiental ainda é abordada unilateralmente tanto no plano educacional, quando é tratada principalmente pela disciplina de biologia/ciências, como no plano político-econômico, quando a análise ambiental perpassa somente pela constatação do meio ambiente e o homem aparece apenas como causador de impactos ambientais negativos.

9 de ago. de 2011

Prática de educação ambiental crítica: Maquetes

O objetivo deste post é apresentar a maquete como metolodogia para o trabalho em educação ambiental crítica, materializando assim os conceitos desta vertente e em que medida pode ser útil para o posicionamento crítico-ambiental do educando.

7 de ago. de 2011

Tecnologia social para sistemas autogestionários

Até pode parecer redundante que exista uma tecnologia específica para sistemas autogestionários, posto que se organizam e tem objetivos diferentes dos sistemas capitalistas. No entanto, não é.

O tipo de tecnologia que se desenvolveu e se desenvolve atualmente está inserida em um ambiente político-econômico capitalista, que legitima a demanda e que tem como base indicadores de produtividade estimados em termos monetários, ou seja, nestes indicadores não são consideradas as externalidades associadas a produção.

6 de ago. de 2011

A questão dos agrotóxicos

Pouco se discute atualmente sobre a questão dos agrotóxicos, onde estão presente, qual sua real utilidade e necessidade e como influenciam nossas vidas como consumidores e como nos posicionarmos diante da questão.

4 de ago. de 2011

Sustentabilidade: algumas ferramentas para empresas

Neste post apresento algumas das principais ferramentas para a sustentabilidade as quais, organizações dos mais diversos setores podem utilizar visando uma atuação, por assim dizer... mais sustentável. São práticas, normas e indicadores que auxiliam na tomada de decisão e na apresentação dos resultados tríplices (econômicos, sociais e ambientais) almejados.

3 de ago. de 2011

O novo código florestal e o retrocesso associado

Como é sabido, o novo código florestal é a renovação do código anterior que legislava e criava regras sobre as áreas de preservação ambiental em propriedades rurais para áreas de topos de morros, margens de rios e encostas, áreas consideradas frágeis e conhecidas como áreas de proteção permanente (APP) e para a reserva legal, área que não pode ser desmatada dentro da propriedade rural. A justificativa dos proprietários rurais para a revisão do código é que a legislação atual é muito restritiva e por isso prejudica a produção agrícola. Já para os ambientalistas, a revisão aumentaria  o desmatamento por flexibilizar a legislação ambiental.

1 de ago. de 2011

Economia solidária: tecnologia social para o desenvolvimento socioambiental

Por tecnologia social podemos entender todo mecanismo simples, de baixo custo, de fácil aplicabilidade e que tenha retorno comprovado, que crie soluções para problemas essenciais do ser humano como produção de alimentos, acesso a água potável, a energia, habitação, etc. e que promova melhorias na qualidade de vida das pessoas envolvidas. Normalmente, estes mecanismos associam saberes populares e conhecimento técnico-científico.
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