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25 de nov. de 2011

Demografia da sustentabilidade

Tarsila do Amaral - Operários, 1933
Foi anunciado com alarde e terror a presença de 7 bilhões de pessoas na Terra, associada a previsões catastróficas de fome, mudanças climáticas, conflitos, etc.

Mas muito pouco de ouviu ou se deu ouvidos as análises subjacentes a este número.

Pesquisadores mostraram que a Terra tem plena capacidade de suprir as necessidades alimentares de todos nós e mais um pouco, mantidas as terras agriculturáveis que temos hoje e nas condições atuais, portanto sem a necessidade de expansão agrícola sobre o cerrado ou amazônia e com o desenvolvimento da agroecologia, que é quem tem produzido o arroz e feijão que você tem na mesa.

Ademais, a Terra vai sim conseguir suprir as necessidades de todos nós e nossos descendentes desde que sejam revistos os padrões de consumo mundiais, por isso nada de criar alarde sobre a grande massa humana que cobre a Terra porque o problema está em nosso sistema econômico.

Tratar a totalidade dos habitantes da Terra como se fossem os mesmos é privilégio somente dos números,  que muitas vezes dizem pouco ou são lidos de forma a deturpar a realidade. Somos sim 7 bilhões de habitantes, diferenciados por sexo, idade, tamanho, cor, cultura, religião e principalmente por níveis de renda e consequentemente, consumo.


É George Martine, doutor em ecologia e demografia quem faz essa leitura e entende que devemos desenvolver a demografia da sustentabilidade, que qualifica os habitantes/consumidores, e não de contar pessoas equivalentes ou intercambiáveis, posto que não somos nem um e nem outro.

Mais uma vez se discute a sociedade do consumo, que nada mais é que o sucesso do sistema capitalista que se reinventa ordinariamente todos os dias para suprir nossos desejos, criados por eles e não por nós, e portanto, não sendo desejos reais.

Assim, o número de consumidores aumenta mais do que o número de pessoas e o que nós mais queremos e lutamos todos os dias não é sermos iguais, mas podermos desfrutar plenamente da sociedade de consumo e nos diferenciarmos dos outros por aquilo que temos.

http://almoxarifadoempoeirado.blogspot.com/2011/08/o-crescimento-exponencial-do-consumo-no.html


Para Bauman, as revoltar na Inglaterra em meados de agosto de 2011, principalmente em Londres revelam nada mais do que a necessidade que aqueles jovens tem em serem incluídos, em poderem consumir, já que descapitalizados sofrem diariamente com a ditadura dos objetos, sabendo também que o movimento todo esteve ausente de qualquer discurso ou ideologia de mudança, revolucionária, radical.

Posto assim, a resposta não está no desenvolvimento de uma economia verde, que através da tecnologia pensa reduzir o uso de recursos naturais e diminuir o despedício (tratamos disso em outro post) ou de reduzir o crescimento populacional, como insistem em querer 2,5 filhos por mulher no Brasil como taxa ideal de crescimento e controlando o número de nascimento no terceiro mundo, onerando mais uma vez esta parte do globo com o ônus produzido e consumido somente pelo primeiro mundo. Até porque este tipo de controle engana, visto que famílias menores consomem mais per capita, olhe ao seu redor.

Para onde aponta a resposta? Comente aí.

Um comentário:

Leonardo Trindade disse...

Como os países materialmente ricos os são grandes consumidores de recursos da Terra, ao discutirmos o problema da superpopulação, podemos concluir, como sugeriu Paul Elrich, que há “um número demasiado grande de pessoas ricas” e que são eles que superpovoam o planeta.