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2 de jul. de 2012

A clareza de Boaventura de Souza Santos


Se posicionando em relação à Rio+20 e à Cúpula dos Povos, o professor Boaventura de Souza Santos pode dar um parecer muito esclarecedor, daquele tipo que sempre queremos ouvir de alguém que pensa a sociedade de forma crítica e nos aponta direções.

Disse que a Rio+20 foi a porcaria que todos nós sabemos e temos lido por aí, mediados pela cortina de fumaça que a economia verde cria só para facilitar a gestão dos recursos naturais pelos empreendimentos capitalistas, sendo inclusive um retrocesso quando comparada a Eco-92, já que a primeira produziu compromissos obrigatórios (ainda que não foram alcançados) e criou as responsabilidades diferenciadas em relação aos impactos ambientais.

Já a Cúpula dos Povos teve, segundo o professor, um papel simbólico ao dar voz às demandas e críticas dos povos, movimentos e organizações populares, mostrando a capacidade de organização de uma agenda socioambiental que contemple a heterogeneidade de ser no mundo.

No entanto, pontuou a dificuldade que os movimentos, organizações, povos e todos nós temos em construir junto, no caso agendas agregadoras, em unificar necessidades, mobilizações e lutas. Agregar agendas não fere autonomias, apenas consolida e legitima ainda mais os que estão envolvidos.

Para Boaventura, a maior dificuldade é encontrar os pontos em que as agendas podem ser agregadas. Nossa visão cartesiana e mecanicista, a qual somos ensinados desde pequenos, compartimenta e rotula quase tudo e neste bolo estão as lutas populares. Para ele, lutas agregadoras são aquelas que conseguem confluir demandas.

Não me parece ser difícil se houver espaço, se as portas da percepção estiverem abertas, na melhor de William Blake.

Fonte da entrevista do professor: Ecodebate

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