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Sob o advento da tecnologia podemos fazer qualquer coisa, inclusive salvar o planeta de nós mesmos. Essa é a ideia que o sistema produtivo atual quer nos fazer crer, apesar dos inúmeros sinais que apresentam o contrário.
Para os problemas ambientais mais especificamente tem sido desenvolvida uma ciência também específica, que produz uma tecnologia para o dia de hoje, sem refletir sobre o ontem ou pensar o amanhã, considerando para tanto desde as lâmpadas fluorescente até os automóveis a hidrogênio.
Não penso que sejam tecnologias fajutas ou sem importância, mas que falta a essas propostas uma origem socio-histórica, ou seja, é uma ciência e tecnologia que se desenvolvem despretensiosas em relação a sociedade e pretensiosas para os ganhos econômicos do capital.
Para Mézsaros, a origem desta questão passa pelo processo de controle da ciência pelo capital.
Nenhuma ciência se desenvolve aquém da sociedade já que está intimamente relacionada as determinações e estruturas de sua época e por isso a ciência pensa e cria para a sociedade em que vive e se relaciona. Não seria diferente, portanto, para a sociedade capitalista. O que esta em jogo são as determinações da ciência, qual seu objetivo e que para que tipo de sociedade se deseja trabalhar.
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Assim, dentro da lógica capitalista, a ciência que desenvolve determinadas tecnologias produz para o capital com fins de ganhos econômicos e não para o desenvolvimento humano, por isso, contraditoriamente a lógica utilitarista do capital, a ciência e sua tecnologia passaram a ser muito menos “úteis” em algumas dimensões do que em épocas anteriores, revelando quais são de fato os fins da tecnologia hoje disseminada.
Alguns exemplos são clássicos. Pesquisas tem revelado que o aumento da tecnologia em automóveis, como o aumento da eficiência dos motores não tem produzido uma redução no consumo de combustível nos postos de abastecimento, isto porque a sociedade não funciona de forma cartesiana em uma relação de causa e efeito. Assim como a eficiência aumentou, o conforto também, as distâncias entre casa e trabalho, o aumento de unidades automotivas nas ruas (proporcional ao incentivo do governo), a má qualidade do transporte coletivo, dentre outros fatores, previsíveis dentro da lógica da complexidade, que por sua vez passa muito longe das análises macroeconômicas que balizam a maioria dos investimentos em ciência e tecnologia.
Contudo, penso que o feitiço pode virar contra o feiticeiro e as tecnologias hoje desenvolvidas podem ser utilizadas de forma inteligente, sendo as necessidades e interesses da dimensão social atendidas.
É o caso da rede de comunicação atual. Utilizada comumente pela publicidade criar gostos e necessidades, pelo Estado para distribuir sua propaganda governamental, controlar o conhecimento, a internet também tem sido utilizada para globalizar informação e conhecimento livre, ainda que somente uma parte pequena da população mundial tenha acesso a esta tecnologia.
E como dentro da lógica capitalista o controle é fundamental para que seja mantido o status quo, tudo que foge a essa regra deve ser reprimido, temos ai o Sopa e a Acta, que faz da mesma internet reprimida espaço de reivindicação, manifestação e radicalidade.
Fonte:
Mézsaros, I. O poder da ideologia
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