A moda agora são as empresas com responsabilidade socioambiental, mais ainda se ela tiver projetos e atuação na comunidade, ai sim ela se torna bem verdinha, porque afinal, empresa boa é aquela que se preocupa com seu funcionário, com o impacto que causa ao meio ambiente e principalmente, o que ela faz pra melhorar o mundo.
Nada mais contraditório, mas este post não é pra falar sobre isso, até porque essa crítica já temos por aqui no blog.
O que a pesquisadora Carolina Messora Bagnolo tentou mostrar em sua tese de doutorado é como se dá a inserção das políticas ambientais empresariais nas escolas públicas de Mogi-Guaçu/SP, mas consideremos que os resultados locais podem ser espacializados para uma área mais abrangente (o Brasil todo??!!).
Na investida de mostrar a imagem de boas moças, as empresas atuam nas escolas com distribuição de materiais direcionados para questões ambientais, como reciclagem, consumo de água, biomas, etc.
No entanto, este materiais são produzidos de cima para baixo, sem qualquer participação dos professores em sua confecção e com diretrizes bem definidas, transmitindo normas e valores de determinadas classes, bem como a “supervalorização do trabalho e da função das corporações na sociedade”.
Qualquer postura crítica de trazer a complexidade da questão ambiental, se houver, passa desapercebida pela dimensão como é tratada a missão da empresa.
Este tipo de educação ambiental é conhecida como educação ambiental adestradora, que prepara os estudantes para o trabalho, para se moldar ao sistema capitalista como algo inerente a vida e, para isso é importante que trate as questões sociais, econômicas, políticas, culturais, ambientais, etc. Individualmente e de forma reducionista, pois só assim adquirem a “coerência” do capitalismo.
Ademais, ainda temos a “ausência” programada e intencionada do Estado que não regulamenta nem fiscaliza a atuação das empresas nas escolas, muito menos prepara professores e escolas para a filtragem destes materiais (como se pudesse existir algum bom, visto os objetivos estabelecidos previamente pela setor privado).
Bagnolo lembra que o trabalho de educação ambiental desenvolvido pelas empresas não é neutro, pois possui concepções diversas de educação, ambiente, sociedade, cultura. Desse modo, as ações empresariais nas escolas possuem objetivos que vão muito além da divulgação da educação ambiental: “contribuem, sobretudo, para moldar gostos e consumos, como também visões de mundo e de sociedade.”
Na falta de atenção dada pelo Estado tanto à escola quanto às questões ambientais, todo material se torna bem vindo para discutir o famigerado meio ambiente, assunto jargão que parece ser importante discutir e para preparar os estudantes para o vestibular (será?).
As escolas não esperam do Estado a responsabilidade que lhe compete e, por isso, mesmo que de forma implícita, acreditam que a educação ambiental estaria a cargo das empresas. Tornam-se, portanto, vulneráveis às iniciativas externas e incapazes de exercer criticamente seu papel social.
A maneira como a educação ambiental vem sendo absorvida no processo escolar expressaria as deficiências crônicas e profundas na formação do professor e na atuação do Estado na educação pública.
Melhor assim:
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