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17 de fev. de 2012

Seaworld no banco do réus

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A notícia é a seguinte: 5 baleias do parque norte-americano SeaWorld entraram com um processo por escravidão contra sua “benfeitora”, devido aos shows diários a que são submetidas e as condições de confinamento, apesar dos bons tratos que recebem. Bom, na verdade quem deu entrada no processo foi o pessoal do PETA – People for the Ethical Treatment of Animals.

O grande rebuliço está em torno de que as baleias, ou qualquer outro animal não é sujeito de direito na constituição dos Estados Unidos e de nenhum outro país (exceto na Bolívia), assim ainda não se sabe como será o andamento do caso. 


Para o PETA, só a abertura de espaço para a discussão já é uma vitória, como afirma o advogado das baleias, Jeffrey Kerr:

“Pela primeira vez na história de nossa nação, um tribunal federal ouviu os argumentos sobre se seres vivos, que respiram e sentem, têm direitos ou podem ser escravizados simplesmente porque não nasceram humanos”,
“Escravidão não depende da espécie do escravo, assim como não depende de raça, gênero ou etnia. Coerção, degradação e submissão caracterizam escravidão, e essas orcas enfrentaram todos os três.”
A defesa do parque alega a ação ser um desperdício de recursos, já que os animais não foram incluídos na constituição e que os resultados podem trazer consequências para outros parques e zoológicos e inclusive para o polícia, com os cães farejadores. Pois que traga!

Para muita gente esse debate é um absurdo, visto a valorização comparável ao ser humano que está se dando aos animais.

Penso que devemos fazer duas considerações, visto que existem valorizações e valorizações. Acho de fato ridículo o que algumas pessoas fazem com seus animais domésticos, comemorando festinhas, comprando jóias, banho de ofurô e o que mais quiser, isso sim é equipará-los ao homem, entendo que os “investimentos” acima não trazem nenhum benefício direto ao animal e sim ao dono, que ostenta sua “riqueza”.

A segunda consideração é que, se temos criado leis que protegem os animais da imensa criatividade da mente doentia dos seres humanos, porque não tê-los como “sujeitos de direito” (não necessariamente seja este o nome), já que trabalham (no sentido humano) e geram riqueza (mais-valia para seus donos)?

A noticia também pode ser desdobrada para a questão dos zoológicos e do tipo de educação ambiental que se faz nestes espaços. Os zoológicos obtém algumas espécies do tráfico e dos maus tratos, mas sua maioria provém de um movimento de incentivo de reprodução dos animais em cativeiro, para manter os indivíduos nas “vitrines” e ser objeto de troca com outros zoológicos e criadores do mundo, sendo esta ação considerada como um bom resultado, afinal só “bons cativeiros” alcançam com sucesso a reprodução.

Quanto a educação ambiental, esta peca pela contradição no discurso. Ao promover informação e conhecimentos aos estudantes, sob a égide do ambientalismo, de proteção ao meio ambiente, que só conhecendo e se aproximando das questões poderemos atuar, se contradiz quando legitima estes espaços de confinamento, como se em nosso mundo, onde  a imagem tem mais representatividade do que a própria realidade, fosse necessário visitar o shopping de animais para saber que ali não é seu habitat natural.

Em última instância, o que está em pauta não é a escravidão das baleias, mas a superação do antropocentrismo que legitima ações que não condizem com a proposta humanista.

Ps: o pedido foi negado, as baleias não foram consideradas escravas pelo Seaworld.

Fontes:

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