Em todo sistema observamos
entradas e saídas e, portanto, fluxos. Estes, por sua vez, podem ser
basicamente de matéria ou energia. Visto dessa forma, nosso planeta pode ser
entendido com um enorme sistema, que recebe um fluxo contínuo de energia
eletromagnética proveniente do Sol e que faz “girar” todos os subsistemas e
processos subjacentes, inclusive a nossa tão vangloriada economia, apesar desta
não compreender ou pelos menos negar hipocritamente tal fato, como já analisamos
aqui no post Economia Ecológica: definição e potencialidades.
Essa energia proveniente do Sol é,
em boa parte, refletida de volta para o universo e parte é mantida nas camadas
mais próximas ao solo devido à características bem particulares de nossa atmosfera.
As plantas e certo tipos de microorganimos conseguem fixar essa energia em
complexas estruturas materiais orgânicas, num incrível processo neguentrópico, que
significa a tendência para a
organização e para a complexidade crescente, própria da vida. Estas
estruturas, se mantidas soterradas a grandes profundidades, durante milênios,
sob condições de pressão e temperaturas extremas, formam o que comumente
chamamos de combustíveis fósseis e, estes sim são o grande motor da economia
global pós-revolução industrial.
Todas as ditas grandes economias queimaram
e ainda queimam combustíveis fósseis, em suas diversas formas – petróleo,
carvão e gás natural – para gerar energia elétrica e para o transporte de materiais
e pessoas. E nem preciso comentar aqui sobre os diversos impactos no clima, já
bem conhecidos, como aumento do efeito estufa, inversão térmica e chuva ácida e
também para a nossa saúde, isso falando apenas da queima, sem mencionar outros
tantos da cadeia produtiva.
No mercado mundial o preço dos
combustíveis fósseis mantem-se virtualmente baixo, apesar dos diversos alardes quanto
a sua possível escassez. As oscilações dos seus preços acompanham as taxas de
juros do mercado, pois estes são tratados como commodities pelas corporações produtoras. Se as taxas de juros
estão altas, estas exploram, vendem e aplicam o dinheiro em mercados com alto
retorno, caso contrário, deixam lá soterrados esperando o valor aumentar.
E não é só isso. Existem também dois
outros grandes motivos para se manter uma economia baseada nos combustíves
fósseis, e estes são os mais fortes e menos vísiveis. Os preços são mantidos
baixos e o consumo incentivado devido aos nefastos subsídios mantidos pelos
governos às grandes corporações produtoras. E outra, como toda a economia opera
sobre um código desvirtuado, ao não se considerar os custos ambientais e
sociais nas contabilidades das empresas, tratando-os como externalidades. E
pior, as nações ao pagar os custos com a recuperação ambiental e o tratamento
de saúde necessários, chegam a conclusão que a economia vai muito bem,
obrigado, pois o PNB/PIB aumentou!? Legal né?
Mas, felizmente, existem algumas
soluções práticas e rápidas que já ajudariam – e muito! – no início de uma
mudança de rumo. Algumas tecnologias para geração de energia utilizando fontes
renováveis já desapontam como econômico-social-ambientalmente viáveis, como a
eólica e solar, que se não fossem os subsídios aos combustíveis fósseis, já concorreriam
em pé de igualdade; os governos poderiam também empregar o seu enorme poder de
compra para impulsionar o mercado em favor de fontes menos impactantes, aliado
também a um ajuste de políticas e impostos; e, por fim, a célula de combustível
(que gera energia elétrica a partir do hidrogênio) associada a técnicas de engenharia
para a eficiência energética e uma matriz de menor escala de outras fontes,
como as pequenas centrais hidrelétricas e solares – na melhor filosofia do “Small is Beautiful” – reduziriam riscos
de fornecimento e escassez e forneceriam energia limpa que realmente precisamos
para o nosso dia-a-dia.
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