Taí uma daquelas boas notícias.
Um comunidade carente em Brasília se organizou e criou o Banco Comunitário Estrutural,
que tem como objetivo dar crédito aos moradores da Estrutural, a quem trabalha,
mas não tem carteira assinada, aos autônomos, aos que tem dívidas e necessitam
de empréstimo, dentre outras situações variadas.
A ideia é que a própria
comunidade determine quem pode ou não receber crédito do banco comunitário,
considerando para isso o elo que o cliente estabelece com a comunidade, seu
histórico que levou a dívidas com outros bancos...aqui sim está a proposta de
personalização e mais, de humanização, como diz o artigo: é a humanização das
relações econômicas.
Bom seria mesmo se não fosse
preciso dinheiro para mediar as relações humanas e trocas pudessem ser feitas
simplesmente com o fim de suprir necessidades.
A proposta do Banco Estrutural é
atender as necessidades dos moradores da comunidade, que não podem se supridas
com a ajuda de bancos tradicionais, posto que neste não tem crédito. Assim a
obtenção de lucro é uma consequência e tem outra definição, não necessariamente
vinculado ao ganho monetário, mas a qualidade de vida e desenvolvimento social
da comunidade.
Isso me lembra o banqueiro do
pobres, Yunus que desenvolveu o banco Grameen, para oferecer microcrédito a
mulheres na Índia. Sua proposta tem uma série de problemas de cunho social que
já apontei no post Mulheres e a Economia,
que em síntese está no campo da ineficiência em produzir uma mudança estrutural
ou promover uma crítica ao modelo econômico excludente que força o surgimento
de iniciativas populares.
Este é justamente o ponto que o
Banco Estrutural se diferencia das outras iniciativas como o Grameen, ao
possibilitar uma assistência a estes clientes carentes, que produza mudança e
melhoria da qualidade de vida, questionando a estrutura excludente em que estão
inseridos e que os mantinha em sobrevida.
Outras iniciativas como estas se
reproduzem pelo Brasil. No Bairro Guapiruvu, no Vale do Ribeira-SP, a
comunidade organizou uma proposta de microcrédito com juros apenas para manter
o serviço e com recursos da própria comunidade, tendo como objetivo apoiar os
produtores rurais que, vinculados a cooperativa CooperAgua retém a produção
para vendê-la a um preço justo.
O que fica pra mim é a
necessidade de nos desligarmos dos “tomadores de decisão”, eles estão distante
demais das realidades do povo e/ou não tem interesse algum em resolvê-las. Como
Boaventura de Souza Santos diz, agora é fundamental que as organizações da
sociedade civil sejam capazes de se associar, articular e organizar as lutas
comuns, sem depender da ação de grandes escalões dos governos.
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