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31 de jan. de 2012

O adeus as sacolinhas plásticas

Começou a valer a lei paulista que proíbe a distribuição das queridas sacolinhas plásticas por estabelecimentos comerciais, mas veio acompanhada de muito chororô.
 
Blog Jornalisticamente falando
Só não dá pra entender como uma repercussão negativa assim pode ser dar em um país que se preocupa tanto com o meio ambiente...ou seria a máxima da hipocrisia? Do tipo “não no meu quintal”?
Um paralelo que podemos fazer em relação ao aclamadíssimo novo Código Florestal. Muita gente contra, principalmente ambientalistas por uma série de razões que já explanamos aqui no blog, e muita gente a favor porque, como disse nossa excelentíssima presidenta Dilma: “você tem que crescer a mais para poder distribuir renda”, e neste caso precisamos aumentar a área produtiva já que em um país como o Brasil o verde da bandeira é da monocultura de cana, soja e eucalipto.

E agora, para solucionar o problema de como carregar nossas compras já que estão todos arrepiados com esta condição surge toda uma gama de ecobags, sacolas de todos os tipos e as sacolas de papel, como se a produção destas últimas não envolvesse toda uma rede de impactos ambientais.

Se formos criticar o uso das sacolas plásticas porque também não questionamos a imensa quantidade de embalagens que vem acompanha dos produtos? Ou exigimos a volta dos vasilhames? Que tal nesta páscoa não escolher o ovo de seu sobrinho pela embalagem brilhante e reluzente e sim pela quantidade e qualidade do chocolate? Por que os sacos de lixo também não são proibidos?

E as sacolas biodegradáveis então? O fato de ser “bio” muda drasticamente a situação a ponto de ser venerável como a solução para o entupimento de bueiros e a mortandade de tartarugas? Se a continuidade do uso de sacolinhas continuar o mesmo, a produção, comercialização, distribuição, consumo e descarte será tão grande quanto e o impacto só irá durar menos alguns bocados de anos, até porque o termo biodegradável só pode acontecer em condições de temperatura e pressão adequadas, coisa irreal para os padrões dos lixões e aterros sanitários brasileiros.

O problema é o mesmo!!! Isso porque só estamos falando daquilo que se relaciona diretamente com a questão das embalagens.

Do ponto de vista econômico, os estabelecimentos comerciais se livraram de um custo com as sacolas plásticas sem promover uma real campanha de substituição, com incentivo ao uso de materiais duráveis ou pela substituição por sacolas de papel, passando assim mais uma vez para o consumidor a responsabilidade pelas boas práticas ambientais e livrando o mercado de todo o ônus que isto acarreta.

Ainda podemos discutir o fato de ser uma lei proibitiva. Que tipo de ação em prol do meio ambiente precisa de proibição para ser efetiva? Não seria mais inteligente, eficaz, positivo e com maior chance de sucesso de fosse construída uma conscientização popular que desqualificasse o uso de sacolas plásticas?

Isso ainda mostra o quão as questões ambientais ainda estão no plano das ideias e longe da prática cotidiana, para deixar cair por terra a educação ambiental ecopedagógica vomitada nas escolas e nas empresas do “cada um faz sua parte”.

Em uma escala maior, o mesmo acontece em encontros como o Rio+20, quando os dirigentes mundiais irão tentar um acordo pela sustentabilidade, ou dito em outras palavras, defender e tirar o seu da reta, porque dentro do sistema capitalista a democracia e a igualdade são somente nomes bonitos na embalagem, no interior do produto ela é mistificadora e farsesca, por isso nenhuma ação que não esteja vinculada a propósitos de obtenção de lucro e acúmulo de riquezas terá apoio. Portanto, não espere que esta lei ou qualquer coisa que venha da Rio+20 e atrelada a economia verde traga bons frutos para a humanidade.

Fontes:
Carta Capital
Meszáros, I. O poder da ideologia.

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