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24 de out. de 2011

The Natural Step – a revolução silenciosa

Neste post apresentarei os conceitos básicos do The Natural Step (TNS). Trata-se de um guia que apresenta as condições fundamentais para uma sociedade sustentável e um conjunto prático de critérios de planejamento que podem ser usados para orientar organizações (sociais, públicas ou privadas) para o alcance da sustentabilidade.

A instituição foi criada na Suécia em 1989 por um médico oncologista chamado Karl-Henrik Robert, em resposta às crescentes preocupações com problemas de saúde pública decorrentes do aumento de toxinas no ambiente, das práticas atuais de utilização de recursos naturais e da necessidade de medidas efetivas e de consenso geral.

A filosofia do TNS entende que os nossos atuais problemas são sistêmicos e estão interligados entre os complexos econômicos, sociais e ambientais. Inclusive, propõe uma visão para além do Triple Botton Line, de forma que entende que o subsistema econômico está inserido dentro do subsistema social e este por sua vez inserido dentro do sistema ambiental. Tanto que como prática, o TNS não realiza a análise para a sustentabilidade nos níveis independentes, pois acredita que a análise do sistema vai além das 3 instâncias juntas.

A estrutura de referência do TNS possui 3 componentes básicos:

1. O fúnil é uma metáfora para ajudar a visualizar o atual contexto de degradação ambiental que vivenciamos. As paredes do funil representam o sistemático aumento da demanda e pressão de nossa sociedade sobre os recursos e serviços dos ecossistemas ao mesmo tempo que diminui gradativamente a capacidade dos ecossistemas em prover estes mesmos recursos e serviços, as restrições legais, a pressão social e as tensões resultantes da injustiça ambiental;

2. Para atuar nos problemas raízes da atual insustentabilidade, é preciso entender as leis básicas que governam os sistemas naturais. A compreensão dessas levou a delimitação do que é chamada “Quatro Princípios para a Sustentabilidade”, que rege que na sociedade sustentável a natureza não está sujeita a aumentos sistemáticos... 
  1. Da concentração de substâncias extraídas da crosta terrestre;
  2. Da concentração de substâncias produzidas pela sociedade; 
  3. Da degradação dos meios físicos; e que na sociedade... 
  4. As pessoas não estão sujeitas a condições que sistematicamente minam sua capacidade de satisfazer suas necessidades.
3. Finalmente, como estratégia de implementação, deve-se empregar uma metodologia desenvolvida pelo próprio TNS que utiliza o backcasting (uma técnica de planejamento na qual se parte de uma condição futura desejada e então defini-se os passos a seguir para alcançá-la) e as condições sistêmicas, composta por 4 etapas, denominada Análise ABDC (Awareness, Baseline analysis, Compelling vision e Down to action). 
  1. Awareness (conscientização): esta etapa envolve a compreensão da sustentabilidade e o compartilhamento do senso de propósito entre todos os participantes do processo; 
  2. Baseline analysis (mapeamento básico): compreende o olhar para a situação atual da organização visando compreender o contexto social, economico, ambiental e cultural no qual serão propostas as ações de mudança; 
  3. Compelling the vision (criando uma visão clara e convincente): nesta etapa cria-se a imagem futura da organização, livre e criativa, e se esta imagem e as decisões decorrentes estão alinhadas com os princípios para a sustentabilidade; 
  4. Down to action (mãos à obra): esta etapa envolve a criação de um mapa contendo o plano que fará a ligação entre onde estamos e onde queremos estar. Ou seja, cria a ligação da situação atual com aquela imagem futura criada.
Esta foi apenas uma rápida apresentação desta fantástica ferramenta, que de tão simples, chega a ser revolucionária. Mas deixo aqui uma ressalva. Claro que não é fácil, e dizem alguns, ser mesmo utópico, mudar o rumo de nosso desenvolvimento na direção de uma sociedade global sustentável. O próprio TNS tem essa consciência. Mas a guinada de rumo não está na ideia do faça sua parte nem nas práticas de eco-eficiência. Estas apenas prorrogarão o fim trágico do caminho que seguimos atualmente. Precisamos mesmo de uma reformulação de nossos valores e de nossa visão de mundo, de justiça social, democracia real, de uma economia cíclica e de uma relação fraterna com a natureza.

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