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2 de out. de 2011

As árvores do meio do caminho...

Árvores em estrada de Alagoas tem provocado acidentes. Esta deveria ser a chamada da notícia publicada hoje no site do Uol. Soa bizarro pra você?

http://privilegiosdesisifo.blogspot.com/2007/05/do-feliz-desvio.html
Pois é bizarro e é verdade. O estado de Alagoas, que administra a rodovia estuda retirar as árvores, localizadas as margens da estrada pois tem causado acidentes, dispondo a seres inanimados e fixos (ha ha, é bom salientar isso) a responsabilidade, inclusive pelas mortes. As 2.000 árvores cogitadas para serem retiradas estão localizadas as margens da rodovia AL-220 e pertecem a uma reserva ambiental que foi criada há 15 anos pela usina Porto Rico.
Em uma sociedade onde 70% do espaço é ocupado e direcionado para os automóveis, não assusta que os custos por mais segurança recaia sobre a natureza, assim como a responsabilidade por um meio ambiente mais saudável recai somente sobre a sociedade civil. Não assusta também que o processo de retirada das árvores está sendo encabeçado pelo Poder Público, que vê sempre na natureza um empecilho para o desenvolvimento e crescimento do país, discussão presente no cansado novo código florestal.

O mais intrigante é que este mesmo Poder Público não cogitou a possibilidade de que os acidentes estejam sendo causados por imprudência dos motoristas, ainda que os índices sejam altos, fosse assim inúmeras rodovias brasileiras teriam também elevada taxa de acidentes e mortandade. A mais, as árvores nesta rodovia não são a única barreira e se a regra é retirar os obstáculos... nem comento.

A questão maior não são as árvores em si, até porque não pertenço aos ecochatos abraça árvore, mas a posição secundária que a natureza é sempre colocada em prol dos interesses imediatos do homem, esquecidos os serviços ambientais prestados incondicionamente, como a proteção do solo e a manutenção do clima.

A verdade velada é que existem as prioridades e todo o resto, mas que ninguém pode escancarar porque a publicidade sobre a questão ambiental é muito forte para ser enfrentada de peito aberto, quer seja o setor privado que tem de se preocupar com sua imagem sustentável, ou o Poder Público que tem de se preocupar com a próxima eleição... Quem vai assumir a bronca? O Ibama e o Instituto de Meio Ambiente de Alagoas indiretamente já se posicionaram, o problema não são as árvores, são as pessoas.

Fonte:
Ecodebate
Uol notícia

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