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22 de abr. de 2012

Bayer e a sustentabilidade


Foi lançado o Programa Jovens Embaixadores Ambientais, da fabulosa Bayer em conjunto com o PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Quem quer fazer parte? www.bayerpet.com.br
Até aqui nada assusta, principalmente para quem acompanha o blog  e sabe dos posicionamentos que temos. A associação entre empresas privadas e organizações criadas para a coletividade não é nova e seus princípios são condizentes com a sustentabilidade...criada para manutenção da economia capitalista.

Ademais, um programa voltado para a sustentabilidade também está de acordo com o marketing da empresa, que precisa associar a imagem de produtora de venenos com florestas tropicais preservadas, sem falar na íntima relação com os ideais da economia verde e, antes disso, da revolução verde...mas essa é uma história que não combina.

Já falamos aqui também sobre a presença da iniciativa privada na educação, mais especificamente promovendo e controlando a educação ambiental nas escolas, seja oferecendo material, assistência, formação, etc.


O que é intrigante é a capacidade de dissociar o principal produto da Bayer e outras empresas químicas com os danos ambientais que produzem, a ponto de promover um concurso nacional onde jovens poderão apresentar seus trabalhos em prol da boa qualidade ambiental, trabalho este que a Bayer tão pouco ajudou, nem mesmo incentivou, mas que irá alavancar sua imagem de empresa sustentável. Pode isso, Arnaldo??!!

Para quem não sabe, a Bayer é a 4º multinacional do mundo do ramo farmacêutico e químico que produz desde remédios veterinários a emagrecedores, pomadas e aspirinas, para citar os mais conhecidos. Um dos produtos “joinha” da Bayer foi Zyklon B, usado em câmaras de gás na 2º Guerra Mundial, pelo qual a empresa foi condenada pelo assassinato massivo de judeus. Hoje, distante dessa imagem histórica “ruim”, a Bayer é uma das líderes mundiais na inovação e produção de pesticidas, sementes, biotecnologia e engenharia genética de alimentos, ou seja, transgênicos...nada mal para melhorar a imagem.

No entanto, está não é uma questão relacionada especificamente com a Bayer, mas todas as empresas que transmitem uma imagem de sustentável, quando suas práticas são incompatíveis com o modelo que apresentam. Agora, a bola da vez é a Bayer...ela pediu.

O mesmo pode ser visto em empresas com a Vale do Rio Doce, Aracruz, Monsanto (todas com programas na área ambiental) e uma infinidade de outras, só pra citar as que estão mais presentes na mídia...nos meios de comunicação alternativo é possível encontrar uma infinidade de denúncias contra estas e outras empresas, agora sim associadas com a falcatrua do socioambientalismo. De chorar é quando as ações sustentáveis destas empresas são mediadas por organizações que realmente se empreendaram em prol do meio ambiente, mas foram cooptadas ou já objetivaram suas ações neste sentido.

Mas, não é só. O jovem concorrente ao concurso da Bayer ainda tem mais chances de ganhar se fizer uma votação em redes sociais, dando maior visibilidade para seu projeto ambiental, ou melhor, para a Bayer...que não está pagando nada por isso e você, jovem engajado, está trabalhando de graça! (Para algo que muitas vezes nem acredita...é como tirar pirulito de criança).

E, por fim, o que se ganha? Bom...se você tem entre 18 e 24 anos, CONSEGUIU chegar ao ensino médio ou a faculdade ao a pós-graduação (afinal, isso tudo ainda é privilégio) e ganhou o concurso, você recebe um prêmio que pode variar de R$ 2 mil a R$ 15 mil reais...em bolsa de estudo ou financiamento para o seu projeto (claro que este não pode estar associado a educação ambiental crítica), conhecerá um destino ecológico e terá aulas de sustentabilidade. Já para os que falam inglês (outro privilégio) poderão conhecer a sede da Bayer ( e quem sabe ganhar umas amostras de veneno).

Já passei da idade, mas se estivesse, diria: Não, obrigada!

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